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quarta-feira, 12 de julho de 2017

O desaprender




Tive um professor na faculdade que costumava dizer que a gente aprende com o desaprender. Parece coisa de bicho grilo, mas é bem verdade, a sabedoria oriental tem muito disso, principalmente quando olhamos para os Koans.
No Zen-budismo, o Koan é uma sentença ou pergunta de caráter enigmático e paradoxal, usado em práticas monacais de meditação com o objetivo de dissolver o raciocínio lógico e conceitual, conduzindo o praticante a uma súbita Iluminação intuitiva.)*

Trago a seguir um exemplo de Koan, que acho incrível pelo fato de ser tão simples, tão verdadeiro e tão rico:

Um homem, viajando em um campo, encontrou um tigre. Ele correu, com o tigre em seu encalço. Aproximando-se de um precipício, tomou as raízes expostas de uma vinha selvagem em suas mãos, e pendurou-se precipitadamente abaixo, na beira do abismo. O tigre o farejava acima. Tremendo, o homem olhou para baixo e viu, no fundo do precipício, outro tigre a esperá-lo. Apenas a vinha o sustinha. Mas, ao olhar para a planta, viu dois ratos, um negro e outro branco, roendo aos poucos sua raiz. Neste momento, seus olhos perceberam um belo morango vicejando perto. Segurando a vinha com uma mão, ele pegou o morango com a outra e o comeu. — Que delícia! — ele disse.


Referência da postagem.:*http://paxprofundis.org/livros/koan/koan.htm

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Finito



Amargo é o dia em que enxergamos a mortalidade, sobretudo a ideia de finitude que ela carrega. Soco na cara. 

O Fim.

O dia em que você vai ter de dizer adeus a alguém que ama tanto a ponto de querer roubar a imortalidade dos deuses e entregar a essa pessoa.

Você vai querer trazer à tona a realidade Sci-Fi daquele filme em que as pessoas podem doar anos de vida umas às outras, ou aquele em que os personagens congelam o corpo/mente e os trazem anos mais tarde.


Eu também não sei lidar.

Lucian

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

A Transgressão em "O Diário de um Mago"





Paulo Coelho conseguiu escrever seu relato pessoal sobre o Estranho Caminho do Santiago como um verdadeiro contador de histórias o faz. Enfrentou demônios, obstáculos paisagísticos, o medo de não conseguir achar sua espada, e claro, teve de enfrentar principalmente a si mesmo o tempo todo, mas em todas as situações sua vontade de querer se encontrar foi maior do que qualquer temor.

A Transgressão é uma escolha sábia para sair do comodismo das nossas amarras, ao passo que também se torna condição fundamental para encontrarmos a nós mesmos diante do caos. Pelo menos foi essa a mensagem que mais ficou guardada depois da leitura do livro. E mais importante do que a travessia de um caminho, é o motivo pelo qual estamos dispostos a atravessá-lo e o que fazemos com aquilo que aprendemos.
A busca pela verdade e pelo caminho pessoal tem origem na necessidade do descobrimento de si mesmo.  QUEM É VOCÊ? Por onde anda? O que quer com a vida?

E por incrível que pareça, a maioria das respostas que procuramos paras essas coisas não está em nenhum outro lugar a não ser dentro de nós, dentro da nossa fé. A partir do momento que compreendemos isso, o medo da mudança se torna cada vez menor e a vontade de viver e de se aventurar nascem e crescem cada vez mais fortes.

Preferi não dar muito spoiler do livro, pois vários sites estão aí para isso. Mas acredito na força da mensagem que cada um aprende no processo de leitura e achei válido compartilhar essa experiência.

Lucian

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Uma Análise em Dom Casmurro


Um dos melhores livros que já li.

Ponho-me aqui não acompanhado do ofício de reescrever os detalhes da história, e portanto, nas linhas a seguir, decido contar momentos da leitura, que felizmente não se desprenderam de minha memória.

A palavra "ciúme" alcança poucas páginas no livro, mas por intensidade, faz o leitor repensar todas as afirmações e certezas desde o inicio escritas por Bentinho, ou como queira chamar, Dom Casmurro. O personagem está tentando nos convencer de suas certezas desde o início? Será que está narrando a verdade ou construindo uma que o conforte dos arrependimentos? Difícil saber.

Capitu traiu? Não tenho resposta. Capitu é um completo mistério disfarçado de mulher. O que sei é que o discurso cego do ciúme tem força para modificar histórias, contos, lendas, memórias e jogar nas trevas quaisquer corações, confundir e trocar atores, papéis, tempos, idas e vindas, verdade e mentira. Por estes caminhos, Bento findou a vida só, viu todos que amava morrerem, entretanto, segundo suas próprias palavras, não se entregou à tristeza. O quanto disso é verdade? O quanto disso pode ser mentira? Não há como saber.

A situação histórica do Brasil, levando em consideração a força das promessas feitas pela religião, o medo do pecado, a beatice de alguns personagens e seus dilemas são explorados de maneira muito sensível e ao mesmo tempo consistente na trama. Além disso, a complexidade da memória de Bento Santiago torna a obra sensacional, principalmente no que se refere à imprevisibilidade de acontecimentos de cada linha, da organização de cada ideia dos parágrafos e capítulos.

Machado de Assis, enquanto Dom Casmurro, possui as mais precisas, inteligentes, irônicas e surpreendentes metáforas, enfincadas, ou melhor dizendo, encaixadas em frases e pensamentos de Bentinho. Engraçado é ler um livro publicado por volta de 1900, e que continua sendo genial e atual.

Lucian

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A Rainha, o Príncipe e o Universo



Me certifico de trancar todas as portas,
e no final você ainda entra pela da frente.

O maior problema, nós dois sabemos,
é que você sempre foi a rainha do mundo.
Pelo menos do meu.

E há uma certa graça em fazer ensaios pra recomeços:
às vezes recrio o dia em que nos conhecemos,
outras vezes vivo o nosso fim com cenas alternativas,
menos dramáticas, e em outros momentos construo duas Terras,
só pra te dar o espaço que você sempre quis.

Pode ser que o Douglas Adams esteja certo
e, em algum lugar do Universo, alguma versão nossa
não errou tanto e conseguiu. Vai saber.


Aonde você estiver, espalhe o amor que puder.
Obrigado por tudo.

Atenciosamente,

O Príncipe (da versão que conhecemos bem).

PS: Aqui o Rei não existe.
Lucian 


quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

A Escola Da Ponte


Sabe quando você se encanta com o sonho de alguém? Fica de tal forma encantado que o toma também como um sonho seu? E imagine só se esse sonho se materializa. Está aí: A Escola da Ponte, que fica lá em Portugal.

Organismos internacionais ditam os “melhores” moldes de educação, de acordo com critérios deles mesmos, criados para serem universais em qualquer escola e em qualquer lugar. E graças a essa forma conceber a educação, temos nos olhos de crianças, jovens e adultos apenas frustração.

A história da Escola da Ponte, me emocionou através das palavras de Rubem Alves, Ademar F. dos Santos e lá no final, do diretor José Pacheco, que descreveram essa instituição da maneira mais tenra possível. É assim que devemos escrever sobre sonhos, sobre qualquer coisa: Com paixão!

 Duas coisas me saltam as vistas quando penso no funcionamento dessa escola: “Autonomia” e “Solidariedade”. Na verdade, posso juntá-las e formar a Autonomia Solidária.  Nessa escola, os alunos com mais idade ajudam os outros mais novos (os “miúdos”) a aprenderem sobre os assuntos de interesse mútuo, e há nesses momentos uma verdadeira fraternidade que, dificilmente existe na nossa lógica capitalista da generosidade aparente, ou como diria Paulo Freire da Generosidade Falsa, que se justifica pela exclusão.  

Lá, os professores são orientadores parceiros das crianças. Os alunos são alunos de todos os professores e estes são professores de todos os alunos. J

Um outro tipo de educação é possível.
Redescobrir a escola é possível!
Bora sonhar alto e fazer acontecer também!

Lucian