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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Uma Análise em Dom Casmurro


Um dos melhores livros que já li.

Ponho-me aqui não acompanhado do ofício de reescrever os detalhes da história, e portanto, nas linhas a seguir, decido contar momentos da leitura, que felizmente não se desprenderam de minha memória.

A palavra "ciúme" alcança poucas páginas no livro, mas por intensidade, faz o leitor repensar todas as afirmações e certezas desde o inicio escritas por Bentinho, ou como queira chamar, Dom Casmurro. O personagem está tentando nos convencer de suas certezas desde o início? Será que está narrando a verdade ou construindo uma que o conforte dos arrependimentos? Difícil saber.

Capitu traiu? Não tenho resposta. Capitu é um completo mistério disfarçado de mulher. O que sei é que o discurso cego do ciúme tem força para modificar histórias, contos, lendas, memórias e jogar nas trevas quaisquer corações, confundir e trocar atores, papéis, tempos, idas e vindas, verdade e mentira. Por estes caminhos, Bento findou a vida só, viu todos que amava morrerem, entretanto, segundo suas próprias palavras, não se entregou à tristeza. O quanto disso é verdade? O quanto disso pode ser mentira? Não há como saber.

A situação histórica do Brasil, levando em consideração a força das promessas feitas pela religião, o medo do pecado, a beatice de alguns personagens e seus dilemas são explorados de maneira muito sensível e ao mesmo tempo consistente na trama. Além disso, a complexidade da memória de Bento Santiago torna a obra sensacional, principalmente no que se refere à imprevisibilidade de acontecimentos de cada linha, da organização de cada ideia dos parágrafos e capítulos.

Machado de Assis, enquanto Dom Casmurro, possui as mais precisas, inteligentes, irônicas e surpreendentes metáforas, enfincadas, ou melhor dizendo, encaixadas em frases e pensamentos de Bentinho. Engraçado é ler um livro publicado por volta de 1900, e que continua sendo genial e atual.

Lucian